quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal.



A todos os que, habitual ou ocasionalmente, passam por aqui, os meus desejos de festas felizes.
Aproveito para deixar algumas palavras, já conhecidas, mas sempre oportunas.
José Alberto

Tu que dormes a noite na calçada de relento
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão amigo
És meu irmão

E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão amigo
És meu irmão

Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da mulher

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e combóios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão amigo
És meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão amigo
És meu irmão

Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da mulher

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O meu genro apanhou-me a olhar para o tecto.


Estava eu, disfarçadamente, a olhar para o tecto, pensando que ninguém me iria descobrir, quando, de repente, o meu genro entra pela cozinha dentro e me pergunta:

- O que está a fazer aqui sózinho, a olhar para o tecto?

Surpreso e atrapalhado, ainda tentei disfarçar mas não havia volta a dar. Fui mesmo apanhado e agora ia ter de dar uma explicação convincente.

Passo a explicar:

No passado fim de semana fui a Lisboa. Aproveitei o facto de a minha filha aí estar a viver e realizando-se nesse fim de semana a maratona de Lisboa, juntava o útil ao agradável. Visitava a família, enchendo o meu baú de afectos, ao mesmo tempo que aproveitava para fazer uma corrida.

Cheguei a pensar alinhar na maratona, mas cedo desisti da ideia, pois tendo corrido a maratona do Porto há um mês atrás, entendi que me era mais útil, nesta altura, optar pela meia-maratona.

Assim fiz. Cheguei no sábado e logo na parte de tarde aproveitei para levantar o dorsal, altura em que tive o prazer de encontrar o Joaquim Adelino, com quem tive alguns momentos de agradável conversa.

No domingo de manhã acordei bem cedo. Seriam umas 7 horas. Lá tomei o pequeno-almoço e fiquei à espera que as horas passassem, pois a partida para a minha prova seria só às 10:30. Como todo o mundo lá em casa ainda estava a dormir, lá fiquei eu, sentado na cozinha, ora olhando para o infinito, ora olhando para o tecto, fazendo contas de cabeça.

E fui aí que o meu genro, entrando, me faz a tal pergunta:

- O que está a fazer aqui sózinho, a olhar para o tecto?

Lá tive de lhe explicar que depois de tantos anos de corridas, depois de ter feito mais de 60 meias-maratonas, nem sempre é fácil encontrar motivação para sair de casa numa manhã fria de Outono para correr 21 kms. e lá tive de confessar:

- Estou a pensar se vou correr ou se continuo aqui a olhar para o tecto.

Escusado será dizer que pouco tempo depois já ía a caminho da partida.

Que dizer da prova? Foi mais uma! Não choveram estrêlas, o céu não mudou de côr, o vento não parou para eu passar, o rio não se abriu e os anjos não cantaram hossanas. O dia ficou “limitado” ao reencontro com alguns amigos, alguns com quem tive o prazer de falar pessoalmente, e outros com quem me cruzei durante a prova e com os quais existe uma empatia que nos leva a procurá-los no meio da multidão e a gritar “fôrça Luís”, “fôrça António”, “fôrça Joaquim”, “fôrça Fernando”, “fôrça José Magro”, “fôrça Vitor”, e fôrça para tanta mais gente.

Coisa pouca!? Talvez, para alguns. Não para mim. Acrescente-se ainda o enorme prazer que sinto em correr e o facto de encarar a prova sem compromissos especiais que não fôssem o prazer de correr e o chegar ao fim em boas condições e a combinação ficou completa.

Como se tal não chegasse tive ainda direito a fotógrafo de serviço (muito obrigado Isabel Almeida), que gentilmente captou a minha entrada “triunfal” na pista de tartan do Estádio 1º. de Maio.

É verdade, depois de tantos anos a correr nunca tinha terminado uma prova dentro de um estádio.

Quanto à prova em si, especialmente no que diz respeito à alteração do percurso, pessoalmente achei muito mais interessante. Se tivesse corrido os 42 kms. talvez a minha opinião fôsse outra. No meu caso, que gosto de subir, até que “gramei” aqueles quilómetros finais, tendo feito a segunda metade da prova em menos tempo do que a primeira.









José Alberto