sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O milagre da Buciqueira.



“Em 22 de abril de 1500 chegava ao Brasil 13 caravelas portuguesas lideradas por Pedro Álvares Cabral. A primeira vista, eles acreditavam tratar-se de um grande monte, e chamaram-no de Monte Pascoal. No dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa no Brasil.
Após deixarem o local em direcção à Índia, Cabral, na incerteza se a terra descoberta se tratava de um continente ou de uma grande ilha, alterou o nome para Ilha de Vera Cruz. Após exploração realizada por outras expedições portuguesas, foi descoberto tratar-se realmente de um continente, e novamente o nome foi alterado. A nova terra passou a ser chamada de Terra de Santa Cruz. Sómente depois da descoberta do "pau-brasil", ocorrida no ano de 1511, o país passou a ser chamado pelo nome que conhecemos hoje: Brasil”.



Também há já muito tempo, alguns anos mais tarde, em Portugal continental, lá pelas terras do norte, entre douro e vouga, era hábito ver-se um homem a correr pelas estradas. Não se sabe o que procurava esse homem, mas, diz quem o via, que parecia feliz enquanto corria.

Por norma era visto pela manhã, bem cedo, altura em que se cruzava com as pessoas que se apressavam em chegar aos seus empregos. Inicialmente as pessoas achavam um pouco estranho, depois foram-se habituando. E assim aconteceu durante muitos anos.

Durante muito tempo, esse homem deixou de ser visto a correr pelas estradas. Dizem uns que terá adoecido, outros que se lesionou. Outros simplesmente não deram pela falta do homem da estrada.

Recentemente esse homem voltou a ser visto a correr. Ali para os lados de Arrifana, perto da Buciqueira, onde se deu o chamado “massacre da Buciqueira”

“O massacre da Buciqueira é um episódio brutal e sanguinário que ocorreu em Arrifana, em 1809. Durante a invasão francesa os soldados de Napoleão avançavam pela terra lusitana, enfrentando toda a resistência encontrada no seu caminho. Em Arrifana um dos homens do marechal Soult, o oficial que fazia a ligação das tropas estacionadas na linha do Vouga com o quartel-general das forças francesas, o tenente-coronel Lameth, foi morto, numa acção de guerrilha. A vingança não tardou e, no dia 18 de Abril de 1809, domingo, à hora da missa, os militares cercaram a igreja que estava cheia e sortearam um em cada cinco fieis que fuzilaram no campo da Buciqueira”

Não com a mesma energia. Diz quem o viu que deve ser o mesmo que outrora fora visto por ali a correr.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

COISA POUCA!



Poderia andar a treinar para uma qualquer maratona. Poderia ser para a maratona de Lisboa, que se realiza já no próximo domingo. Ou, quem sabe, para a maratona de Sevilha, que acontece em Fevereiro do próximo ano. Talvez, num cenário um pouco mais distante, mas mesmo assim não muito, para a maratona de Paris, em Abril de 2011.

Poderia até ser para coisas mais simples (?), como a Volta a Paranhos no próximo dia 8, ou alguma das S. Silvestres que por aqui se realizam perto do final do ano (Gaia, Porto). Poderia, ainda, ser para a meia-maratona Manuela Machado, em Viana do Castelo, no próximo Janeiro.

Mas não, o meu estado actual (ainda) não me permite tais abusos.

Assim, que resta a este atleta em recuperação? Pouco... muito pouco!

Tenho de me contentar com umas pequenas voltas, em percursos suaves, o que tenho feito regularmente (3 vezes por semana). São treinos de aproximadammente 60/70 minutos em que me limito a correr em ritmo suave, e em que a consolação que me resta é apreciar a natureza.

É verdade que também aproveito para sentir o fresco na cara, o corpo a aquecer, os poros a abrir, a luz do dia. Também para libertar o stress e para sentir o prazer de viver.

Além disso, pouco mais. Fica-me a consolação de poder apreciar o outono no seu melhor; as árvores com os seus inúmeros tons de castanho, verde ou amarelo. É certo que também posso apreciar o rio que por ali corre e que, nestes dias de chuva, quase salta para as margens; nuns dias com a água mais limpa e noutros com uma cor mais escura, fruto da terra que foi roubar às margens; ah, e há também por ali imensos patos bravos que aprecio com muito prazer e que se afastam para eu passar (obrigado patos!); abundam ali, também, pássaros vários, melros, pegas, etc.;
e que dizer daquela imensidão de folhas de várias cores caídas na estrada e dos carreiros nela traçados pelos pés dos atletas e outros caminhantes que por ali passam;

Assim, volta após volta, quilómetro após quilómetro, só me restam estas coisas simples.
E também, já agora, à medida que o tempo de treino vai avançando, uma grande paz, a paz de quem está de bem consigo e de bem com os outros.

Coisa pouca!?

José Alberto

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O Diabo não amassa pão.


Por vezes, quando a vida nos corre menos bem, temos por hábito dizer que estamos a "comer o pão que o diabo amassou".
A este respeito, um dia destes, calhou ir ter a este blog (casa do conhecimento). Achei interessante este texto.
Acho que vale a pena ler.
José Alberto

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O PASSADO PARA ENGANAR O FUTURO?


Por vezes temos de fugir do passado. Esse passado que, por motivos vários, persegue tanta gente e que leva muitas pessoas ao sofrimento e à depressão.

Outros casos há em que nos socorremos do passado para enfrentarmos com mais alegria o futuro. É certo que todos nós, mais dia menos dia, teremos de atravessar o “deserto da vida”. Nessa altura “dá geito” ter um passado que nos dê prazer recordar. Servirá para atenuar as dificuldades da travessia.

Construir o passado está nas mãos de cada um de nós. Se hoje, no presente, tivermos atitudes positivas, realizações, desafios, provas superadas, esse presente rápidamente se transformará em passado e ficará guardado num qualquer recanto da nossa memória para um dia, quando necessário, ser utilizado em nosso benefício.

Foi o que eu fiz no dia 15 de Novembro de 1992, Nesse dia, então presente, eu construí o passado. Passado esse que vou utilizar hoje.

De facto não podendo eu participar na meia-maratona da Nazaré, que se realiza no próximo domingo, fui ao baú das recordações e tirei de lá este diploma.

Agarradas a este diploma vieram muitas lembranças. Boas lembranças...

Essa foi a primeira vez que corri na Nazaré. Depois de 1992 ainda lá corri mais algumas vezes.

Lembro-me dos primeiros quilómetros em que dávamos uma volta à vila. Recordo-me, também, da súbida para Famalicão. E como era boa a descida de Famalicão.

E aquela recta da meta? Quando entrávamos na recta da meta e víamos o sítio, parecia que a meta era já ali. E a meta nunca mais chegava!

Passaram 18 anos e minha vontade de correr é a mesma. Assim o corpo o permita. Fica cá uma aposta (ou será antes um acto de fé?...). Nazaré 2011. Vou nessa.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Talvez eu deva uma explicação...


Depois de durante largo tempo eu ter escrito com alguma regularidade no meu blog, de repente eclipsei-me.

Para aqueles que por hábito me liam não terá sido difícil perceber o porquê da minha ausência. Afinal desde Dezembro de 2009 que os meus “posts” eram reveladores do meu estado de lesionado.

Com a persistência da minha lesão, sem vislumbrar melhoras, sem incentivos, com algumas desilusões e com os danos colaterais derivados da privação, durante tantos mêses, da corrida...

Bem... estou a ver que este post vai ser um choradinho! Não vou dar para este peditório!

Resumindo, não tenho escrito porque isto é um blog de um corredor (ou espécie de corredor). Como o corredor não corre, não tem nada para contar. Vou lendo os relatos de quem corre.

Começar quase do zero não tem sido fácil. Tenho lutado com tenacidade para ultrapassar esta situação e espero um dia destes (mais mês, menos mês), poder contar algo mais entusiasmante.

Porque faltam poucos dias para a maratona do Porto, aproveito para desejar a todos os que nela vão participar que atinjam os seus objectivos e que a manhã do próximo domingo lhes proporcione momentos agradáveis e de são convívio.

José Alberto

terça-feira, 18 de maio de 2010

6OO KMS. PARA COMER GAROUPA ASSADA NO FORNO.


Conheço pessoas, muitas, que fazem centenas de quilómetros para comer um prato de lampreia não si onde, uns rojões à minhota em tal sítio ou uma vitela assada num local ainda mais distante.
Realizando-se na Costa da Caparica a 2ª. Meia-maratona da Areia e estando eu impossibiltado de correr a minha motivação para aí me deslocar poderia ser menor. Fazer 600 kms. para comer garoupa assada no forno é coisa que eu nunca faria. Mas, fazer 600 kms. para sentir o poder do abraço, bem, aí já eu estava disposto a alinhar.

E assim fiz. Em boa hora me desloquei à Costa da Caparica onde simultâneamente com a meia-maratona se realizou o 3º. Meeting-blogger. Foi com muito gosto que aí estive presente, juntamente com familiares, e agradeço a todos as atenções recebidas.

Foi bom sentir o poder do abraço.

Foi bom estreitar algos laços de amizade e conhecer mais alguns companheiros de corrida que até agora só conhecia de nome.

Foi bom conviver com algumas pessoas que têm em comum o gosto de correr e, para mim, mais importante, o motivo que as faz correr.

Agradeço às pessoas (Fernando Andrade e Joaquim Adelino) que se deram ao trabalho de proporcionar a todos estas horas de convívio. Se o fizeram foi, seguramente, porque também dão valor ao poder do abraço.

José Alberto

terça-feira, 11 de maio de 2010

Passa o tempo, mudam-se as gerências, mas ficam os livros.

"Fundada em 1732 por Pedro Faure, a primeira Bertrand abriu portas na Rua Direita do Loreto.

Bertrand é hoje o nome da maior rede de livrarias em Portugal, integradas e estreitamente cooperantes no esforço de satisfazer as necessidades dos seus clientes. A expansão e modernização de que foi alvo abarcou todo o país continental e ilhas, contando já com uma superfície comercial que ultrapassa os 8.000 m2, mas a livraria pioneira continua aberta no Chiado, exibindo belas e características salas, um grande respeito pela sua tradição e, claro, uma ampla variedade de todos os tipos de livros. Muitos intelectuais e escritores passaram pelas suas portas e conviveram com os seus livros - livros que os inspiraram a escrever e a ler. Durante a sua longa História, foi muitas vezes o ponto privilegiado de discussões literárias e mesmo de tramas políticas. Hoje a Bertrand da Rua Garrett é um verdadeiro tesouro vivo e uma recordação única do notável e riquíssimo passado de Lisboa e, particularmente, do Chiado, um dos bairros mais emblemáticos e cosmopolitas da cidade. Situado entre o Bairro Alto e a baixa pombalina, o bairro é também o local de nascimento de Fernando Pessoa, provavelmente o maior poeta português do século XX.

Após o Grande Terramoto de 1755 o seu genro foi obrigado a instalar-se junto da Capela de Nossa Senhora das Necessidades, regressando, dezoito anos depois, à reconstruída baixa pombalina. A Rua Garrett passa então a fazer parte do itinerário cultural da cidade. Por ali passam e ficam, em conversa de amigos ou em acesas tertúlias, Alexandre Herculano, Oliveira Martins, Eça de Queirós, Antero de Quental e Ramalho Ortigão. Pela esquina de tão prestigiada livraria passava, na verdade, a História. À Rua Garrett chegou notícia da fuga de D. João VI para o Brasil, ali se cruzaram liberais e conservadores, mais tarde republicanos e democratas, por ali estávamos proibidos de invadir o cantinho de Aquilino Ribeiro, e ainda não há muito nos podíamos cruzar com Fernando Namora ou José Cardoso Pires. "

1732 é, também, o peso, em gramas, das minhas recordações da meia-maratona de Cortegaça.

Meia-maratona de Cortegaça que, mais uma vez este ano, sempre no segundo domingo do mês de Maio, se realizou no passado domingo.

De 1994 a 1999 foi assim:

De 2000 a 2005:

De 2006 a 2008.

À semelhança da meia-maratona de Ovar, esta foi outra prova que eu privilegiei durante muitos anos e à qual nunca faltei.

Em 2009, por ser muito chegada à maratona de Madrid, não estive presente. Este ano... bem, este ano, tem sido um ano para esquecer.

Vou vivendo entre as recordações de um passado não muito distante e a esperança num futuro que tarda em chegar. Com o peso de uma lesão que tarda em desaparecer e que vou procurando debelar. Resta trabalhar e confiar que o tempo a paciência façam o resto.

terça-feira, 27 de abril de 2010

A alegria dos amigos.

Por vezes alegramo-nos comos nossos feitos. Outras pelos feitos dos nossos amigos.

Foi o que aconteceu neste fim de semana. Dois amigos meus, o João OLiveira e o Artur Rodrigues completaram com sucesso a maratona de Madrid. Foi uma estreia na distância mas que os mesmos viveram com intensidade. Por cá, impossibilitado de participar, fiquei a torcer por eles, e foi com muita satisfação que registei a sua alegria por terem ingressado no clube dos maratonistas.

Parabéns para o João e para o Artur.

sábado, 17 de abril de 2010

Filho da puna.


O Sr. Manuel era (suponho que ainda é) um homem bom. Bom e muito educado.

Era ao Sr. Manuel que, em tempos, quando eu ainda utilizava lareira, quando o frio apertava, eu recorria, pedindo-lhe que me trouxesse 1.000 kgs. de lenha. Precisava dela para amanhã, pois estava muito frio e a lenha que tinha ficado do ano passado já tinha ido à vida.

Dizia a minha mulher: “lembra ao Sr. Manuel que traga lenha limpa e sequinha”.

Geralmente no dia seguinte cá estava o Sr. Manuel. Vinha de Escariz, lá dos lados de Arouca. Autêntico homem do campo, “expert” em matos e lenhas. Trabalhava para as fábricas do papel e a lenha, dizia, era um “biscate”. Por isso é que ele vinha sempre em horas esquisitas. Ou era ao sábado de manhã, mas bem cedo, ou lá para o fim da tarde, mas bem tarde. É que o Sr. Manuel não queria encontrar-se com o pessoal da GNR. Era o eterno problema das guias de transporte da mercadoria, ou, melhor dizendo, da falta delas...

Rápido chegava, rápido partia. Consigo vinha um neto, adolescente, potencial negociante de lenha. Mal chegavam eu abria o portão da garagem, e cá ficávamos os três a descarregar a lenha. O neto inclinava a caixa de carga da camioneta e empurrava a lenha, o Sr. Manuel ficava cá em baixo a puxar a lenha e eu ficava a ver... e a passar o cheque.

Ora, o neto com tanta pressa de descarregar a lenha ás vezes mandava umas axas com mais força. Uma ou outra iam atingir o Sr.Manuel.

- Filho da puna! – dizia o Sr. Manuel, homem bem educado.

Filho da puna, que quer isso dizer? Questionava eu.

E assim, ano após ano a história se foi repetindo até ao dia em que eu mudei o sistema de aquecimento.

Durante a semana que passou andava a sentir-me bem do meu joelho. Por isso, planeei um treino um pouco maior para Domingo. Aproveitei para fazer companhia a dois amigos que vão correr a maratona de Madrid na próxima semana (olá Artur; olá João) e que queriam fazer um treino longo. Combinei com eles e esperei-os aos 18 kms., tendo feito depois, em sua companhia, 14 kms..

Há tanto tempo que eu não comia um bife assim! Aumentei um pouco a distância em relação aos meus treinos anteriores e o ritmo também foi um pouco mais forte, mas nada que metesse medo ao susto.

Gostei! Vim para casa satisfeito.

Na segunda-feira, comecei a sentir o joelho inchado. Na terça idem. Na quarta-feira, a medo, fui correr. Ao fim de vinte minutos senti que era melhor terminar o treino. Mais do mesmo!

- Filho da puna, disse eu.

Filho da puna, que quer isso dizer? Quer dizer dor no joelho, dor na perna, dor na alma...

Mais uma semana para o galheiro.



sábado, 10 de abril de 2010

Centro de alto rendimento em Vermoin.





A atleta Rosa Oliveira, com quem todos nós, ou pelo menos os atletas do norte, já se têm cruzado inúmeras vezes por estas estradas fora, deu uma entrevista ao JN. Agradável de ler essa entrevista e que no fundo constitui uma homenagem a uma atleta que sem ter atingido o estatuto de uma Rosa Mota ou de uma Fernanda Ribeiro nem por isso deixa de ser um bom exemplo a ter em conta.
Mas, o que me chamou mais a atenção foi a parte da entrevista em que a Rosa Oliveira fala das condições (ou da falta delas) para treinar, e dos esquemas que arranjou para conseguir reunir o mínimo de condições.

Passo a citar:
“A correr desde os 10 anos, a atleta sénior lamenta a falta de investimento dos grandes clubes no atletismo. "Houve alturas em que os clubes investiam nas equipas e apostavam no atletismo. Agora é só futebol", referiu. Até nas infra-estruturas, diz Rosa Oliveira, Portugal é pobre. "Treino na estrada, sempre em paralelo, porque é quase impossível encontrar terra que se possa pisar. Está tudo cheio de alcatrão e precisamos de terra para correr", salientou. Para poder correr em terra, fez uma espécie de contrato com alguns agricultores de localidades famalicences. "Falei com eles e, alguns, estão a deixar, nos campos agrícolas, uma faixa de dois metros em que não semeiam nada só para que, eu e a minha equipa, possamos treinar", refere”.

Que nunca as pernas lhe doam.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Tantos pássaros e eu aqui.


Gosto especialmente daquele “postal” que mostra um gato, cheio de apetite, a olhar para uma árvore onde estão muitos pássaros e ele sem lhes poder chegar. Diz o gato,

“Tantos pássaros e eu aqui!”.

Há ainda aquela de um corredor lesionado, em convalescença, que vai à internet, vê blogs e sites de corrida e diz:

“Tantas corridas e eu aqui!”

É bem verdade. Conheço um fulano que já não vai a uma corrida desde princípios de Dezembro do ano passado. Esteve lesionado, andou em tratamento, era para ir à maratona de Paris no próximo dia 11 de Abril, e agora recomeçou a treinar, nas calmas, como convém. O tal fulano recomeçou a treinar há 3 semanas e na semana passada fez treinos num total de 30 kms. Esta semana já correu 20 kms. e com o treino que conta fazer no próximo domingo irá totalizar os mesmos 30 kms.. Os mesmos 30 kms. mas a um ritmo um pouco mais rápido.

Pensava o fulano que isto era chegar e andar. Mas a verdade é que readquirir a forma tem muito que se lhe diga. É como diz o ditado, “as coisas más vêm de repente e as boas vêm devagarinho”.

De qualquer modo o tal meu amigo não está muito descontente com a situação, pois depois de quase 3 mêses sem correr já é muito bom conseguir correr 30 kms. numa semana... se bem que um pouco lentamente.

À falta de outros objectivos esse tal meu amigo está a ver se consegue pôr-se apto para correr uma meia-maratona em Maio. Depois da “travessia do deserto” até que nem seria mau. Vamos lá a ver. Meia-maratona de Cortegaça em 9 de Maio e/ou II Meia-maratona da Areia (Costa da Caparica) em 16 de Maio?

sexta-feira, 19 de março de 2010

Quando quase ia ganhando a corrida.

Foi há alguns anos atrás que tudo aconteceu.

A corrida teve lugar na simpática vila de Argoncilhe, concelho de Santa Maria da Feira e tinha um percurso que totalizava cêrca de 10000 metros, divididos em 3 voltas.

À semelhança de alguns anos anteriores decidi alinhar nessa prova.

Parti confiante e segui o meu ritmo. À medida que a prova avançava ia aumentando a velocidade. A fase final era uma descida longa, talvez cêrca de 1000 metros, que, precisamente por ser longa mas não muito inclinada, dava para fazer em bom andamento.

E, nesse entretanto, a cêrca de 1000 metros da linha de chegada eis-me isolado a caminho da meta. Entre mim e a meta nenhum atleta. Como nunca, o pódio ao meu dispôr. A glória tão perto.

Algumas dezenas de metros depois passa por mim o carro da organização. Sentado na mala vai o fotógrafo a tirar fotografias. Nesta altura, entre mim e a meta só a carrinha da organização.

Faltam só duas ou três centenas de metros para a meta, entramos numa parte plana, já quase se sente o insuflável da linha de chegada e é então que sou rápidamente ultrapassado por três atletas, que, mesmo em cima da meta, me roubam os primeiros lugares.

Paciência, ainda não foi dessa que eu fui ao pódio.

Entretanto, passei a meta e lá foi fazer mais uma volta, a terceira.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Barak Obama na meia-maratona de Cortegaça.


Bonjour.. Monsieur le président veut parler avec José.

Um momento, diga ao Nicholas que o José está ali a fazer uns alongamentos e que já atende o telefone.

....

- Olá Nicholas. Então, tudo bem contigo? O que é que mandas?

- Olha José, queria saber, sempre vens a Paris em 11 de Abril? É que eu queria organizar as minhas coisas por aqui e precisava de saber.

- Não Nicholas, lamento muito, mas, como tu sabes, desde Dezembro que ando a tratar uma lesão no joelho e a coisa ainda não melhorou o suficiente.

- É pena, eu a Carla gostávamos muito de os receber aqui em casa.

- Também lamento muito, afinal já lá vão uns longos mêses desde que estivemos juntos a última vez. Lembras-te daquela noitada em que estivemos uma série de horas a jogar à moedinha?

- Se me lembro, deste-me uma cabazada...

- Olha Nicholas, estava a lembrar-me de uma coisa, como estou a recomeçar a minha preparação, que não deve ser muito rápida, estou a pensar alinhar na meia-maratona de Cortegaça, que se realiza no dia 9 de Maio. É uma prova de que eu gosto muito e que já fiz uma série de anos. E se vocês viessem cá nessa data? Era capaz de ser porreiro. Eu fazia a meia e tu fazias a caminhada. Que achas da ideia?

- Não está mal pensado. Mas é capaz de haver um pequeno problema. É que nesse fim de semana eu tenho uma reunião agendada com o Obama, e não vou poder faltar.

- Olha, e se falasses com o Obama e ele também viesse e vocês aproveitavam e faziam a reunião em Cortegaça? O Obama também podia fazer a caminhada e depois, da parte de tarde, vocês falavam o que tinham a falar. De certeza que não há-de ser nada importante, mas sempre cumprem o calendário.

- Ok. Vou falar com o Obama, mas acho que a ideia tem pernas par a andar.

- Vê lá se consegues. Ia ser porreiro. Lá em Cortegaça existe uma mata onde se podem fazer piqueniques e também tem lá um parque de merendas com umas mesas de pedra onde nós podíamos almoçar. Nós levávamos um tacho com arroz de tomate e uns rissóis, e passávamos lá uma tarde em beleza. E, lá para a tardinha, ainda podíamos jogar à malha. Era uma tarde em beleza. Eu levo as malhas. O meco sempre se há-de arranjar.

- E tens mecos por aí? Não sei se tens?
- Oh Nicholas não sejas mau, deixa o homem em paz. Já não lhe chega o Freeport, A Manuela Moura Guedes ou o Mário Crespo...

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Paris a arder.




Bonjour! C’est toi Nicholas?

Ici c’est José, du Portugal.

Tout va bien avec toi?

Et Bruni? Tout va bien avec Bruni?

Olha, queria pedir-te um favor, coisa pouca. Como sabes, deves ter lido nos jornais, eu estou inscrito para a maratona de Paris, no próximo dia 11 de Abril. Acontece que tive uma lesão num joelho e estive sem treinar cêrca de dois mêses. Agora, já faltam menos de 60 dias e tenho receio de não conseguir preparar-me convenientemente até ao dia. Será que me podes ligar para a organização e pedir-lhe que adiem em um mês a maratona. É que um mês mais tarde talvez já me seja possível.

- É para já, José! Depois ligo-te a dar notícias.

- Merci Nicholas.

Pouco tempo depois, liga-me o Nicholas a dar-me uma má notícia.

- Olá José! C’est ton ami Nicholas. Olha, il n’est pas possible. Da organização ils m’ont dit o seguinte:

- O teu amigo português que não seja burro. Já tem idade para ter juízo. Para o ano há mais maratona, e nos anos seguintes também.

Merci Nicholas. Au revoir. Dá um abraço meu à Bruni. Um dia destes passo aí pelo Eliseu e levo-te uns presuntos de Chaves e umas alheiras de Mirandela.

sábado, 30 de janeiro de 2010

O que é que matou o gato?


Estava eu a pensar num título que se adequasse a este post, quando achei que “a ansiedade matou o gato” estaria perfeito.

Pensava estar resolvido o problema, quando dei por mim a pensar se tinha sido a ansiedade ou a curiosidade que mataram a gato. E, pensando bem, acho que o ditado verdadeiro é “a curiosidade matou o gato”. Problema para mim pois assim o ditado já não serve para o fim em vista.

Também fiquei curioso de saber da origem deste ditado. Voltas e mais voltas à cabeça e depois de muitas pesquisas cheguei à seguinte conclusão. Os gatos, vadios que são, andam muito pelas estradas, logo vêem muitos carros a passar, logo acham que os carros andam muito rápido, logo querem sabem a que velocidade vão (ficam curiosos).
Como não têm melhor maneira de o saber atiram-se à estrada e vão contra os carros para, sofrendo o impacto, ficarem a saber se os carros vão depressa ou devagar. Daí “a curiosidade matou o gato”.

Acho que faz algum (nem que seja pouco) sentido. E isto porque nunca vi nenhum gato ansioso e curioso... sei lá.

Gosto muito de gatos, de cães... é só uma brincadeira.

E vem toda esta “conversa de treta” a respeito da minha recuperação. De facto a ansiedade mata qualquer recuperação que se deseje válida e permanente. Tudo tem o seu tempo e não adianta querer ultrapassar etapas. Quando estamos lesionados temos de saber recuperar lentamente, pois independentemente dos tratamentos há um remédio que só se pode tomar um pouco de cada vez. Chama-se tempo.

È o que eu tenho tentado fazer, aceitar tudo com tranquilidade (olá Paulo Bento) e ir subindo um degrau de cada vez. E parece que assim a recuperação vai resultar. Ontem corri 20 minutos, hoje vou andar 30 minutos de bicicleta e amanhã vou correr 30 minutos. Lentamente. Diz-me o fisioterapeuta para ir aumentando o tempo de corrida, mas não a intensidade e assim o farei.

José Alberto

sábado, 23 de janeiro de 2010

Já ganhei!


Depois de alguns receios quanto à origem das dores no meu joelho direito e de ter feito a TAC, parece que o problema é mesmo a síndrome do trato íliotibial.

A TAC revelou que os meniscos estão em bom estado, assim como os ligamentos do joelho. Fiquei a saber que tenho um problema no ligamento cruzado anterior (ligamento de muita fina espessura, talvez devido a lesão muita antiga com ruptura de parte das suas fibras ou de natureza constitucional). Não será esta a causa da lesão mas terá contribuído.

Posto isto, fiquei mais confiante e iniciei uma nova fase de tratamentos de fisioterapia. Uma nova clínica, um novo fisioterapeuta e novos métodos. E descanso. O certo é que já me estou a sentir bastante melhor e estou confiante que dentro de pouco tempo (uma semana ?) talvez possa voltar a correr.

Entretanto, quiz o destino (?) que os meus tratamentos sejam feitos numa clínica de reabilitação física. O primeiro dia foi de choque. É que os meus colegas de “treino” são maioritáriamente pessoas que estão a recuperar de problemas profundos (AVC’s e outros do género).

Passado que foi o choque inicial, acho que já ganhei muito com esta minha lesão. Deu-me a oportunidade de conviver com a outra face da vida. A vida das pessoas que lutam desesperadamente pela recuperação de faculdades perdidas e para as quais qualquer pequeno passo já é uma enorme vitória.

Enquanto ali estou sou “forçado” a meditar na fragilidade da vida humana e agradeço ao destino ter-me dado esta oportunidade de me tornar mais humano e mais sensível à dor alheia.

Por isso, só posso dizer:

- Já ganhei!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O chupa-chupa do menino.


Passado que foi mais de um mês desde que comecei a sentir dores no joelho direito e porque, apesar dos tratamentos, a “coisa” não evoluiu o suficiente, decidi ir ao médico.

Assim, na passada terça-feira lá fui à clínica fisiátrica, onde expus o meu caso. Mal cheguei apanhei logo o tratamento de choque, ou seja, a minha “dor” e a minha impossibilidade de correr são logo confrontadas com o drama de pessoas que nem sequer conseguem mexer um braço (umas), as pernas (outras), todos os membros e por aí adiante.

De qualquer modo a desgraça dos outros não me pode impedir de procurar a resolução dos meus problemas e de tentar viver em pleno. Até porque todos nós somos candidatos a tais males e basta que os aguentemos se e quando eles nos chegarem.

Entrado no consultório o médico lá me fez o seu exame, tendo feito alguns prognósticos, que, se se confirmarem, não são animadores. Mandou-me fazer uma TAC ao joelho e passar por lá a mostrar os resultados.

E mais, à saída disse-me:

- Enquanto não souber os resultados não pense em correr.
- Não, não penso, também não consigo – retorqui eu.

No dia seguinte voltei ao consultório.

- Senhor Doutor, posso fazer-lhe só uma pergunta?
- À vontade, faça duas.
- Ontem disse-me para eu não correr. E nadar? E andar de bicicleta? Posso?
- Nadar, seguramente, não lhe faz mal nenhum. Bicicleta... também pode.

“Bicicleta... também pode”, era mesmo isso que eu queria ouvir.

Por momentos o meu rosto iluminou-se. Fiquei em silêncio por uns instantes. O médico, talvez admirado pelo silêncio, levantou os olhos, que fixou nos meus. Aquele médico deve ter visto qualquer coisa estranha na minha cara. Fixou-me mais atentamente. Comecei a desconfiar daquele olhar profundo.

Após esses momentos o médico disse-me:

- Bicicleta...pode andar. Mas não é para fazer grandes distâncias. Costuma fazer muitos Kms.?
- Costumo dar umas voltas grandes...
- Não é para ir daqui ao Furadouro e tornar a vir!
- Mas, era mesmo isso que eu estava a pensar fazer. Paciência! Obrigado Senhor Doutor.

Resta acrescentar que de minha casa ao Furadouro (zona de Ovar), ida e regresso são 40 kms., sendo que o regresso é quase sempre a subir, com algumas subidas acentuadas. Já fiz este trajecto inúmeras vezes e dá bastante gozo fazê-lo.

Hoje foi dia de ir fazer a TAC. Vamos esperar alguns dias pelos resultados e logo se verá.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O pai Natal é mau?!


Pai natal irá trazer
Brinquedinhos para nós,
Para a Zeca uma boneca,
Para o Chico um “apico”,
Uma bola de saltar
É o que quer o Baltazar
.

Para mim trouxe-me esta prenda.

Na verdade não sei bem se foi o Pai Natal que me trouxe esta prenda ou se fui eu que já a estava a pedir. O certo é que ela me chegou a casa e aqui ficou.

Tudo começou na por volta do dia 10 de Dezembro, na semana seguinte a eu ter corrido a meia-maratona em Lisboa. Num pequeno treino matinal senti uma ligeira dor no joelho. Não dei muita importância. No dia seguinte a dor voltou, e mais forte. Tive de parar, pois era impeditiva de correr. Vi logo que não estava ali coisa boa.

Fui ao fisioterapeuta, que não teve dificuldade em dianosticar a lesão (síndrome do trato ílio tibial. Não conhecia esta lesão, mas logo fui pesquisar na internet e fiquei completamente esclarecido, pois dizem ser a lesão característica dos corredores e dos ciclistas. Dizem que são precisas cêrca de 6 semanas para recuperação total. Pelo andamento estou a ver que a coisa não vai ficar por menos.

Tenho andado em tratamento e depois de 3 semanas sem correr já tenho o meu “plano de teinos” para as 2 próximas semanas. É o seguinte:

“Amanhã vai correr 20 minutos. Passados dois dias corre 25 minutos. Depois vai correndo dia sim, dia não, aumentando 5 minutos de cada vez que corra.”

Quer isto dizer que, se a coisa evoluir favorávelmente, dentro de 2 semanas irei fazer um treino de 55 minutos. Assim o espero. Caso contrário é porque a “coisa” será mais grave e terei de procurar outras causas, que não o “overuse” para esta lesão.

Maratona de Paris a arder? Faltam 3 mêses, vamos a ver.