sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O milagre da Buciqueira.



“Em 22 de abril de 1500 chegava ao Brasil 13 caravelas portuguesas lideradas por Pedro Álvares Cabral. A primeira vista, eles acreditavam tratar-se de um grande monte, e chamaram-no de Monte Pascoal. No dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa no Brasil.
Após deixarem o local em direcção à Índia, Cabral, na incerteza se a terra descoberta se tratava de um continente ou de uma grande ilha, alterou o nome para Ilha de Vera Cruz. Após exploração realizada por outras expedições portuguesas, foi descoberto tratar-se realmente de um continente, e novamente o nome foi alterado. A nova terra passou a ser chamada de Terra de Santa Cruz. Sómente depois da descoberta do "pau-brasil", ocorrida no ano de 1511, o país passou a ser chamado pelo nome que conhecemos hoje: Brasil”.



Também há já muito tempo, alguns anos mais tarde, em Portugal continental, lá pelas terras do norte, entre douro e vouga, era hábito ver-se um homem a correr pelas estradas. Não se sabe o que procurava esse homem, mas, diz quem o via, que parecia feliz enquanto corria.

Por norma era visto pela manhã, bem cedo, altura em que se cruzava com as pessoas que se apressavam em chegar aos seus empregos. Inicialmente as pessoas achavam um pouco estranho, depois foram-se habituando. E assim aconteceu durante muitos anos.

Durante muito tempo, esse homem deixou de ser visto a correr pelas estradas. Dizem uns que terá adoecido, outros que se lesionou. Outros simplesmente não deram pela falta do homem da estrada.

Recentemente esse homem voltou a ser visto a correr. Ali para os lados de Arrifana, perto da Buciqueira, onde se deu o chamado “massacre da Buciqueira”

“O massacre da Buciqueira é um episódio brutal e sanguinário que ocorreu em Arrifana, em 1809. Durante a invasão francesa os soldados de Napoleão avançavam pela terra lusitana, enfrentando toda a resistência encontrada no seu caminho. Em Arrifana um dos homens do marechal Soult, o oficial que fazia a ligação das tropas estacionadas na linha do Vouga com o quartel-general das forças francesas, o tenente-coronel Lameth, foi morto, numa acção de guerrilha. A vingança não tardou e, no dia 18 de Abril de 1809, domingo, à hora da missa, os militares cercaram a igreja que estava cheia e sortearam um em cada cinco fieis que fuzilaram no campo da Buciqueira”

Não com a mesma energia. Diz quem o viu que deve ser o mesmo que outrora fora visto por ali a correr.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

COISA POUCA!



Poderia andar a treinar para uma qualquer maratona. Poderia ser para a maratona de Lisboa, que se realiza já no próximo domingo. Ou, quem sabe, para a maratona de Sevilha, que acontece em Fevereiro do próximo ano. Talvez, num cenário um pouco mais distante, mas mesmo assim não muito, para a maratona de Paris, em Abril de 2011.

Poderia até ser para coisas mais simples (?), como a Volta a Paranhos no próximo dia 8, ou alguma das S. Silvestres que por aqui se realizam perto do final do ano (Gaia, Porto). Poderia, ainda, ser para a meia-maratona Manuela Machado, em Viana do Castelo, no próximo Janeiro.

Mas não, o meu estado actual (ainda) não me permite tais abusos.

Assim, que resta a este atleta em recuperação? Pouco... muito pouco!

Tenho de me contentar com umas pequenas voltas, em percursos suaves, o que tenho feito regularmente (3 vezes por semana). São treinos de aproximadammente 60/70 minutos em que me limito a correr em ritmo suave, e em que a consolação que me resta é apreciar a natureza.

É verdade que também aproveito para sentir o fresco na cara, o corpo a aquecer, os poros a abrir, a luz do dia. Também para libertar o stress e para sentir o prazer de viver.

Além disso, pouco mais. Fica-me a consolação de poder apreciar o outono no seu melhor; as árvores com os seus inúmeros tons de castanho, verde ou amarelo. É certo que também posso apreciar o rio que por ali corre e que, nestes dias de chuva, quase salta para as margens; nuns dias com a água mais limpa e noutros com uma cor mais escura, fruto da terra que foi roubar às margens; ah, e há também por ali imensos patos bravos que aprecio com muito prazer e que se afastam para eu passar (obrigado patos!); abundam ali, também, pássaros vários, melros, pegas, etc.;
e que dizer daquela imensidão de folhas de várias cores caídas na estrada e dos carreiros nela traçados pelos pés dos atletas e outros caminhantes que por ali passam;

Assim, volta após volta, quilómetro após quilómetro, só me restam estas coisas simples.
E também, já agora, à medida que o tempo de treino vai avançando, uma grande paz, a paz de quem está de bem consigo e de bem com os outros.

Coisa pouca!?

José Alberto