sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O lado bom das coisas.












Tudo na vida tem duas faces (no mínimo!).

O problema é que nós só gostamos de aproveitar o lado bom das coisas. Mas não pode ser assim. Isso seria o mesmo que nós querermos chegar à Primavera sem termos sofrido os rigores do Inverno, ou vivermos o dia sem termos de passar pela noite. Oh, e como é longo, frio e escuro o Inverno.

Devido a esta perspectiva comodista da vida (sim, todos nós temos um pouco de "bon vivant" dentro de nós), muita coisa boa fica por fazer, muitos sentimentos por viver, muitos projectos por realizar.

Mas é isso o que vem acontecendo no quotidiano de cada um de nós. A uns numas situações e a outros em situações diferentes.

Peguemos no exemplo do casamento. Todos nós gostaríamos de ter uma pessoa totalmente disponível ao nosso lado, sempre pronta a dar, sempre receptiva, e por aí adiante. Só que o casamento também implica alguma perda de independência da nossa parte, também temos de estar disponíveis para o outro, também temos de abdicar de alguma realização profissional e/ou pessoal. E aí é que a coisa se torna difícil. E, muitas vezes, parece mais fácil desistir.

O mesmo acontece na educação dos filhos. Todos nós gostamos de ver o sorriso dos nossos filhos e as suas alegrias. Gostamos de receber os seus afectos. Mas nem todos estamos disponíveis para aturarmos as suas variações de humor e as suas ansiedades naturais (como se os filhos também não aturassem as nossas). Nem sempre estamos na disposição de deixarmos que eles “mandem” na nossa vida. Por isso, muitas vezes há que fugir. E, como a vida não anda para trás, assim se vai perdendo muita coisa.

Na corrida também se passa o mesmo. Todos (ou muitos.... pelo menos) gostaríamos de chegar à Primavera e, quase que por um qualquer golpe de magia, estarmos preparados para irmos correr uma meia-maratona ou, quiçá, uma maratona. Só que, pelo meio, passou um longo Inverno e nós não fomos capazes de conviver com ele. Adormecemos…diria que quase hibernamos. Assim, começamos a fazer uns treinos logo que desponta a Primavera e só lá para Junho é que vamos ter uma condição física apreciável. E como em Julho, Agosto e Setembro o calor é demasiado intenso, quase não vale a pena começar a treinar. E depois chega novamente o Inverno, e depois novamente a Primavera, e tudo se vai repetindo ciclicamente.

Lá diz o ditado que “para ver Maomé é preciso subir à montanha”.

3 comentários:

  1. É isso aí, Amigo José!

    Ninguém apreciará devidamente a luz do dia se não tiver já passado pela escuridão da noite.
    Tudo tem a sua ...face lunar!

    Abraço
    FA

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  2. Reflexos da ultramaratona?
    A Meia Maratona de Lisboa está aí e é proibido hibernar, confesso que vai custando mas não há outra forma. Vamos a arribar!!!
    Um abraço

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  3. Desistir será sempre o mais fácil. Isto se estivermos a falar de coisas boas para nós e para os que nos rodeiam que exigem esforço, luta, em que é preciso uma pessoa se chatear. Aí, desistir é o mais fácil, mas acaba-se sempre por ser cobrado dessa facilidade momentanea (ou não) pela qual optamos em determinada altura.

    O Inverno, o Verão, o Inverno dentro do Verão e dentro de nós... pois de facto por vezes também não corremos por escolhermos o mais fácil... acabando também por nos ser cobrado (e bem!) essa factura.

    Bons treinos José, e repare que daqui a nada será Primavera...

    Entretanto desejo-lhe um bom fim de semana de Inverno

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