quinta-feira, 21 de maio de 2009

A obra é do artista.




Por vezes olhamos para certas obras e simplesmente ficamos indiferentes. Não raras vezes desdenhamos das mesmas. E isto por um ou por muitos motivos: não temos conhecimentos suficientes para avaliar tal obra; não prestamos a devida atenção aos pormenores importantes; não gostamos do artista; a obra vai contra os nossos princípios ou valores, etc..

Assim, na maior parte das vezes o artista é “condenado” a viver sozinho com a sua obra, chegando, muitas vezes, a escondê-la..

Mas, como diz o provérbio, “o verdadeiro artista nunca se cansa”.

Só o artista conhece o essencial da sua obra. Sabe de que sonhos ela nasceu; quantos sonhos ajudou a manter; quantas dores e desilusões provocou; quanto cansaço ocasionou.

Por tudo isto se é justo que o artista peça que respeitem a sua obra, justo é, também, que o artista compreenda que não é lícito exigir aos espectadores que vibrem com uma tela, uma representação, uma escultura, um poema, uma corrida, uma vez na maior parte das vezes a sua compreensão não vai para além daquilo que os seus olhos podem observar ou os seus ouvidos podem escutar. O sentimentos, esses, são muito mais dificilmente perscrutáveis.

Uma vez aceites estes princípios tudo será mais fácil. Assim, muitas coisas poderão acontecer:

de certeza o cantor voltará a cantar;

de certeza o actor voltará a representar;

de certeza o pintor voltará a pintar;

de certeza o escultor voltará a esculpir;

de certeza o poeta voltará a escrever

e de certeza o atleta voltará a correr (ainda com mais força).

Depois da minha última corrida em Madrid, apareceram-me alguns sentimentos contraditórios. Vim a verificar, alguns dias depois, que outras pessoas, em situações semelhantes, viveram emoções idênticas.

Na altura o meu "lado romântico" deitou cá para fora esta "prosa". Não a publiquei naquela hora, mas ficou guardada no computador. Hoje decidi publicá-la.

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