quarta-feira, 15 de julho de 2009

Quem não tem que fazer vai aos grilos.


Sim, em tempos muito antigos eu já fui um mocito. Sim, desses de calções pelo joelho, de pernitas magras e de boné, que vão para a escola com a pasta às costas. Desses que só queria chegar ao fim do dia de aulas sem ter “provado” nas suas mãos o sabor da madeira da palmatória. Creio que quase consegui passar ao lado da dita palmatória, não podendo, contudo, gabar-me de não ter sentido o quanto ela ardia nas mãos. Outros tempos e outras histórias.

Nessa altura aqui o mocito era muito inquieto e não conseguia estar parado, sem fazer nada. Por vezes, aborrecido por não ter nada para fazer, cansava a sua mãe, queixando-se disso mesmo, ao que a mesma, talvez exausta de tanto o aturar, lhe respondia: “Quem não tem que fazer vai aos grilos”. E foi assim que aqui o rapaz se tornou um grande caçador de grilos. E olhem que não era fácil apanhar um grilo. Além de muita técnica era necessário muita paciência.

E vem isto a que respeito? Vem a respeito de há alguns dias atrás eu ter feito anos.

Sim, porque de vez em quando fazemos anos. Alguém, perversamente (?) , inventou os aniversários só para nos chamar à razão. Ou porque somos muito novos e ainda temos muito para aprender ou porque somos velhos e o melhor é ter calma e não dar demasiada corda. Parece que há sempre razão de queixa da idade.

Assim, na semana passada aconteceu-me o mesmo que às pessoas. Fiz anos! Mais um a juntar à soma e a transportar-me até aos 54.

Até aqui tudo bem. Só que a partir de uma certa idade nós começamos a olhar mais para o fim do que para o princípio. Creio ser incontornável. E assim também eu me pus a fazer contas à vida, até chegar à conclusão (sábia?) de que não vale a pena fazer demasiados planos, porque o futuro, bem, o futuro é futuro.

No entanto isso não impediu que eu tivesse sentido uma certa vontade de fazer umas pesquisas. Assim, porque não tinha nada para fazer (que me apetecesse) fui aos grilos. E foi assim que dei por mim a analisar os resultados de alguns escalões de veteranos da maratona de Madrid 2009.

Foi assim que cheguei aos seguintes resultados:

Pelos vistos a velhice é uma coisa um pouco subjectiva, ou não será assim?

Um princípio que eu apreendi desde muito novo é que a função faz o orgão, e não o contrário.

Por isso há que insistir e não desistir.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Está oficialmente aberta a época da caça ao pato bravo.


Assim, a partir de amanhã, vou começar a treinar tendo em vista a minha participação na maratona do Porto, que vai ter lugar em 8 de Novembro.

Não vou começar do zero, pois depois da minha última maratona em 26 de Abril continuei a treinar com regularidade. Nas últimas semanas tenho feito 3 treinos semanais, num total de 40 kms, por semana.

A partir de agora vou tentar aumenter gradualmente o total semanal de kms. o que passa, primeiro, por introduzir mais 2 treinos por semana. Logo, começarei a fazer 5 treinos semanais.

Vou tentar aproveitar as experiências ganhas com os treinos e participações nas 4 maratonas realizadas anteriormente. Sinto que a experiência conta muito neste tipo de provas. Há toda uma série de conhecimentos que só a experiência nos permite alcançar.
Muito embora seja um pouco estudioso da matéria, já deu para perceber que não há regras gerais nem planos de treino universais. Cada atleta é um caso único e o que serve para um pode não servir para outro.

Costumo ler muita coisa de atletismo e apreciar muitos planos de treinos. Deles retiro os princípios essenciais e depois sigo as minhas próprias convicções, sempre atento às minhas próprias limitações.

Uma coisa que eu já absorvi e que considero importante é que 1 mês a mais ou a menos no treino para a maratona faz toda a diferença. Não estou, claro, a falar daqueles atletas que já têm uma base bastante sólida e que “tratam a maratona por tu”. Para aqueles que ainda aspiram a melhorar o seu tempo e a terminar em boas condições 4 ou 3 mêses de treinos é muito diferente. Aqui, 1 mês faz toda a diferença.

O meu objectivo é "muito ambicioso". Conseguir cumprir os 4 meses de treino sem me lesionar, o que, parecendo ser coisa simples, não é. Afinal sempre serão mais de 800 kms. de corrida.

Depois, chegando o grande dia, logo se vê. Se der para melhorar o tempo anterior de 4:12:20 tanto melhor. Se não der, amigos na mesma.

Assim, a partir de agora quando alguém vir por estas bandas a norte do distrito de Aveiro, nesta cidade encravada entre a serra e o mar, um homem de meia idade, de calções, a correr, tal qual um pato bravo a fugir do caçador, ele não vai atrás do nada, ele não vai sozinho. Ele vai atrás do sonho.